Os dados mostram que nos primeiros nove meses deste ano a área de desflorestação foi de 7.853,91 quilómetros quadrados, um aumento de 96% face ao ano passado, segundo dados do sistema Deter, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro
Só no mês de setembro foram desflorestados 1.447 quilómetros quadrados da Amazônia, em comparação com os meses entre janeiro e dezembro do ano passado em que o total da área geográfica que obteve alertas de desflorestação foi de 4.947,40 quilómetros quadrados, segundo dados do instituto.
De acordo com o G1, que cita o INPE, o ano de 2019 regista já o maior número de alertas de desflorestação na Amazónia que se verificou desde 2016.
O sistema Deter, criado em 2004 e reformulado em 2015, produz alertas de abate de árvores nas regiões da Amazónia, de forma a advertir as equipas de proteção ambiental. Este sistema pode assim ser usado para apontar uma tendência geral de aumento ou redução da desflorestação.
O ex-diretor do INPE Ricardo Galvão, exonerado em agosto pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, foi dos primeiros a alertar em setembro para o aumento da desflorestação criminosa na Amazónia, apontando eventuais danos irreversíveis na região. Numa audiência pública no Senado, o mesmo alertou ainda para a necessidade de o Brasil impedir, primeiramente, a desflorestação na região antes de combater os incêndios.
“O INPE já alertou o Governo há dois meses de que este ano o pico de queimadas, que geralmente é em setembro, ocorreria antes. Eles [grileiros] tomam terras, tiram madeira para fazer o que nós chamamos de corte raso. Porque uma das principais razões [da desflorestação] é a grilagem”, disse Galvão, professor e cientista, citado pela agência do Senado brasileiro. Grilagem significa no país a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros.
“Cerca de 25% a 30% da desflorestação na Amazónia tem áreas não destinadas [sem dono conhecido]. Então entram, desflorestam, vendem a madeira e vendem a terra para outros”, acrescentou o ex-diretor do INPE.
Ricardo Galvão foi expulso do seu cargo no instituto há uns meses após ter sido acusado de divulgar dados falsos e agir “de má-fé” com o objetivo de prejudicar o Governo, segundo Jair Bolsonaro.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, possuindo em si a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Adaptação da notícia de Lusa publicada na TSF a 11 de outubro de 2019