Desflorestação na Amazónia aumentou 96% o mês passado

Os dados mostram que nos primeiros nove meses deste ano a área de desflorestação foi de 7.853,91 quilómetros quadrados, um aumento de 96% face ao ano passado, segundo dados do sistema Deter, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro

Canals are pictured among burnt land after a forest fire near Banjarmasin in South Kalimantan province, Indonesia, September 29, 2019. REUTERS/Willy Kurniawan REFILE – CORRECTING NAME OF THE PROVINCE – RC192FAF3D30© REUTERS

Só no mês de setembro foram desflorestados 1.447 quilómetros quadrados da Amazônia, em comparação com os meses entre janeiro e dezembro do ano passado em que o total da área geográfica que obteve alertas de desflorestação foi de 4.947,40 quilómetros quadrados, segundo dados do instituto.

De acordo com o G1, que cita o INPE, o ano de 2019 regista já o maior número de alertas de desflorestação na Amazónia que se verificou desde 2016. 

O sistema Deter, criado em 2004 e reformulado em 2015, produz alertas de abate de árvores nas regiões da Amazónia, de forma a advertir as equipas de proteção ambiental. Este sistema pode assim ser usado para apontar uma tendência geral de aumento ou redução da desflorestação.

O ex-diretor do INPE Ricardo Galvão, exonerado em agosto pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, foi dos primeiros a alertar em setembro para o aumento da desflorestação criminosa na Amazónia, apontando eventuais danos irreversíveis na região. Numa audiência pública no Senado, o mesmo alertou ainda para a necessidade de o Brasil impedir, primeiramente, a desflorestação na região antes de combater os incêndios. 

“O INPE já alertou o Governo há dois meses de que este ano o pico de queimadas, que geralmente é em setembro, ocorreria antes. Eles [grileiros] tomam terras, tiram madeira para fazer o que nós chamamos de corte raso. Porque uma das principais razões [da desflorestação] é a grilagem”, disse Galvão, professor e cientista, citado pela agência do Senado brasileiro. Grilagem significa no país a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros.

“Cerca de 25% a 30% da desflorestação na Amazónia tem áreas não destinadas [sem dono conhecido]. Então entram, desflorestam, vendem a madeira e vendem a terra para outros”, acrescentou o ex-diretor do INPE.

Ricardo Galvão foi expulso do seu cargo no instituto há uns meses após ter sido acusado de divulgar dados falsos e agir “de má-fé” com o objetivo de prejudicar o Governo, segundo Jair Bolsonaro.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, possuindo em si a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Adaptação da notícia de Lusa publicada na TSF a 11 de outubro de 2019