Estudantes portugueses em greve pelo clima

Cerca de 60 jovens de diferentes pontos do país estão empenhados na organização da greve às aulas pelo clima. Esta ocorre mundialmente a 15 de março. Em Portugal, estão marcadas manifestações em Lisboa, Coimbra e Porto, para as 10h30.

Em Lisboa, decorrerá concentração no Largo Camões, sendo o objetivo marchar daí até à Assembleia da República. Em Coimbra e no Porto, os protestos vão decorrer em frente à câmara municipal. Iguais manifestações estão previstas em várias cidades do mundo.

“Exigimos uma resolução para esta crise (climática); queremos que seja prioridade governamental. É o nosso planeta, o nosso futuro que está a ser boicotado”, afirma a organização da greve em Portugal. “Desengane-se quem achar que esta não é a maior ameaça à nossa existência”.

A sua principal tarefa tem sido atrair os membros das associações de estudantes, pois considera serem o melhor canal para chegar aos jovens. Direciona a mobilização aos alunos do secundário e universitários, não motivando que os mais novos faltem às aulas.

A organização espera ver milhares de estudantes nas ruas de Lisboa, Coimbra e Porto – como aconteceu em fevereiro na Bélgica, onde 30 mil jovens se juntaram em três cidades para exigir medidas que travem as alterações climáticas, e em Inglaterra, em 60 cidades.

Um dos organizadores da greve em Portugal, João Zoio, de 18 anos e de Lisboa, afirma que “o problema são os interesses económicos que estão por trás de tudo”. “Importa pôr de lado os interesses económicos de particulares e grandes corporações em prol da salvaguarda de boas condições de vida para as gerações futuras”. Em oposição, “o ambiente toca a todos. E, se continuamos assim, este planeta fica inabitável”. “Esta é a nossa maior crise existencial”, sublinha João. Conta ainda que apenas 2,2% dos deputados presentes no parlamento tem menos de 30 anos. “Como é que nos podemos sentir representados? Eu não me sinto representado”, desabafa.

Inês Tecedeiro, de 21 anos e de Palmela, também faz parte da organização da greve de 15 de março. Revela que junto dos estudantes universitários a mensagem em defesa do ambiente está a ganhar fãs e ativistas. Defende que o ambiente é um dos temas que mais interessa aos jovens e sobre o qual mais procuram informação. “A informação de imprensa que nos chega não me diz o que quero saber, ou não é suficiente”, diz ainda. Prefere ir à procura de informação por si e acredita que os jovens estão cada vez “mais interessados em assuntos que lhes interessam verdadeiramente”.

Outra organizadora da greve nacional, Margarida Marques, de 16 anos e de Setúbal, admite que “faltar às aulas é um problema para os pais”, mas que estes estão mais convencidos de que se trata de um objetivo em grande escala. Margarida está firme: “Também quero ter voz, poder fazer alguma coisa”.

Os organizadores da Greve Climática Estudantil têm inspiração em Greta Thunberg, líder do movimento global “School Strike 4 Climate” (A Escola faz Greve pelo Clima). A jovem sueca de 16 anos protesta pacificamente todas as semanas, desde setembro, em frente ao parlamento do seu país.

O movimento pela organização da Greve Climática Estudantil em Portugal surgiu com Matilde Alvim, de Palmela. Esta lançou o desafio através do Instagram, após ver as notícias sobre o trabalho de Greta Thunberg.

Adaptado de Jornal de Notícias