Vários especialistas internacionais referem um aumento dos problemas psicológicos relacionados com as alterações climáticas nos últimos anos
À medida que aumentam as manchetes sobre as mudanças climáticas, crescem os casos da chamada ecoansiedade entre jovens. Um fenómeno que alertou os psicólogos britânicos e é reforçado ao Diário de Notícias pelos especialistas do nosso país, onde também já foram identificados casos idênticos.
Caroline Hickman, professora na Universidade de Bath (Reino Unido) e membro da Climate Psychology Alliance (CPA) reforça: “Não há dúvida de que elas [as crianças] estão a ser afetadas emocionalmente. Este medo real das crianças precisa de ser levado a sério pelos adultos.”
Já em 2017, a Associação Americana de Psicologia publicou um relatório sobre os impactos da crise climática na saúde mental, no qual falava da ecoansiedade, que é vista como o medo exagerado de um desastre ambiental, no qual se incluem fenómenos como a perda de biodiversidade, os eventos climáticos extremos ou a desflorestação da Amazónia.
Inês Afonso Marques, coordenadora da área infantojuvenil da Oficina de Psicologia refere que adolescentes “sentem que não estão a fazer tudo o que está ao seu alcance, quer do ponto de vista individual quer na lógica de sensibilização dos outros, para travar os efeitos das alterações climáticas e proteger o planeta”.
Segundo a psicóloga esta é uma preocupação real e presente, acrescentado que os jovens podem ter ataques de ansiedade, problemas de sono, sentimentos de impotência, medo ou pânico.
Da influência dos pais à da televisão
Inês Afonso Marques explica ainda que nos mais novos existe uma grande “influência do discurso dos pais, do tipo de linguagem usada e da maneira como vivem este temas”, mas à medida que crescem “há uma maior consciência, um maior alerta para o que veem na comunicação social e o que é falado entre os pares”.
É importante que as novas gerações estejam sensibilizadas para esta temática, considera a psicóloga Ana Gomes, “mas a forma como é abordada – numa dimensão de catástrofe – desencadeia este descontrolo”. “Se os pais transmitirem essa mensagem, desenvolvem-se estas ecoansiedades e outras”.
Adaptação da notícia de Joana Capucho publicada no Diário de Notícias a 2 de outubro de 2019